Gordos (o filme)

Por total acaso, caiu-me nas mãos o filme Gordos (2009), produção espanhola que por incrível que pareça não tem nem Carmen Maura nem Marisa Paredes, mas tem Cristina Sánchez. Gostei tanto que resolvi resenhar, e esteja avisado de que os parágrafos abaixo podem conter spoilers!

É um filme que eu recomendo a todo mundo, mas principalmente a quem tem sobrepeso e acha que para resolver este problema tudo é questão de fechar a boca e praticar exercícios (em última análise é, mas Roma não foi erguida em um dia). Como soi acontecer nos filmes espanhóis, ao menos pela minha percepção, o filme tem comédia, drama e alguns pontos de realismo fantástico. Em uma palavra: excelente.

O mote inicial do filme é um daqueles comerciais fajutos de produtos não menos falsos para emagrecer milagrosamente. Aparecem umas fotos de um gordo sem camisa, só de sunga, e depois o mesmo cara porém magrelo fazendo propaganda das suas pílulas mágicas, enquanto abusa dos clichês dos livros de autoajuda.

Os personagens — nem todos gordos, ou pelo menos não o tempo todo — acabam tendo suas trajetórias de vida entrelaçadas, as mentiras sociais tão comuns são expostas (como o engodo do celibato pré-matrimonial, os casamentos “perfeitos” que escondem traições na forma de frustrações e rejeições muito mais do que na de sexo com outras pessoas, a compulsão por sexo para soterrar buracos afetivos, etc).

Se for para dar destaque, vai para o núcleo familiar de Andres (Fernando Albizú, na foto) — esteja avisado que ele aparece pelado — por expor a falta de limites que parece ser constante a muitos pais com filhos adolescentes, bem como a liberação de casais “tradicionais” para atividades sexuais não convencionais, como o exibicionismo.

A mim agradaria muito escrever páginas e páginas comentando do que apreciei em cada personagem, em cada situação, mas por respeito a quem não viu e poderá vir a assistir ao filme, contenho-me.

Aos gordos que me leem e querem abrir luta contra o excesso de peso, fica a dica mais preciosa do filme: o importante é descobrir a causa psicológica da obesidade, por que a pessoa resolveu (inconscientemente, é óbvio) ficar gorda. Depois disso fica tudo mais fácil. Ou não.

Administrador de sistemas, CEO da PortoFácil, humanista, progressista, apreciador de computadores e bugigangas eletrônicas, acredita que os blogs nunca morrerão, por mais que as redes sociais pareçam tão sedutoras para as grandes massas.

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