Resenha de filme: “Mal Nosso”

Filme de terror rodado em Ribeirão Preto surpreende pela qualidade e pelo roteiro não óbvio.

Quando meu amigo convidou para “ver um filme brasileiro de terror” aceitei porque, seja como for, eu gosto de cinema. Quando ele disse “vi o trailer e os efeitos especiais são muito bem feitos” lembrei logo de “Dois Coelhos”, que para mim foi uma espécie de divisor de águas, uma prova de que o cinema brasileiro pode ter qualidade sem precisar ser aquelas bostas superavaliadas do José Padilha.

Mal Nosso — o filme

“Mal Nosso” é um filme muito bom, surpreendente. Conta a história de Arthur, um paranormal que sabe usar a deep web e que contrata por lá os serviços de um profissional bem fora do comum.

Gostaria de contar mais, mas não quero estragar a diversão de ninguém. Só dá para dizer que o roteiro é bem construído, e as reviravoltas são inteligentes e coerentes.

Veja o trailer:

Do que eu não gostei em “Mal Nosso”

A única coisa que eu não gostei no filme (que é feito para divertir, e não para ser um documentário, obviamente) foi do áudio nas cenas em que o protagonista se comunica com seu guia espiritual.

É que para criar uma diferença a voz do guia sofre a aplicação de um filtro que “abafa” o áudio, tornando um pouco desconfortável e meio difícil de entender tudo o que ele diz.

Do que eu gostei em “Mal Nosso”

Já no que diz respeito ao que eu mais gostei no filme, a lista é extensa, e vou citar só os pontos mais fortes.

Pesquisa de campo

Uma coisa que fica evidente é que fizeram muito bem o trabalho de pesquisa de campo, ou seja, aquele trabalho de juntar informações a respeito do tema da narrativa, com o objetivo de criar verossimilhança (ou seja, tornar o texto ficcional parecido com a realidade, evitando aberrações absurdas).

Por exemplo, logo no início do filme o protagonista acessa a deep web para procurar por uma pessoa em especial; a tela do computador é retratada na projeção, e os endereços que aparecem são endereços .onion, ou seja, parecem mesmo endereços da deep web aos olhos de quem já navegou por lá.

Trilha sonora

A escolha das músicas é muito bem feita, de bom gosto. Não preciso dizer mais.

Sotaque dos personagens

Embora eu não seja ribeirãopretano, moro aqui há vários anos. Gostei de identificar na telona o jeito de falar das pessoas com quem convivo.

Fotografia e efeitos especiais

Um filme de terror que não tenha efeitos especiais muito bem feitos tem tudo para tornar-se um “terrir”, ou uma comédia involuntária.

“Mal Nosso” não corre tal risco, porque os efeitos especiais são mesmo bem feitos.

Ademais, há cenas realmente chocantes (como a cena de tortura e escalpelamento no início do filme) mas apenas quando elas precisam estar na narrativa; não há nada de grotesco desnecessário, ou de violência gratuita.

“Mal nosso” em resumo

A surpresa de ver um filme feito em Ribeirão Preto, por e com ribeirãopretanos, certamente é agradável. Mas independente disso, “Mal Nosso” é um excelente filme de terror, bem produzido, funcional, com vários elementos para agradar os apreciadores do gênero.

Recomendo que todos vão ver no cinema, quando puderem.

E para aqueles que não tiverem a oportunidade de assistir ao filme nas telas grandes, é torcer para que ele seja disponibilizado em mídias mais acessíveis o quanto antes, e com a maior longevidade possível.

Administrador de sistemas, CEO da PortoFácil, humanista, progressista, apreciador de computadores e bugigangas eletrônicas, acredita que os blogs nunca morrerão, por mais que as redes sociais pareçam tão sedutoras para as grandes massas.

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