iBoy: mais um original Netflix que mal dá pro gasto

“iBoy” é um filme de ficção científica produzido pela Netflix que conta a história de um rapaz que adquire superpoderes da maneira mais absurda já imaginada.

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Ou eu estou tendo uma maré de azar ao escolher os títulos para ver no Netflix, ou realmente eles perderam a mão em suas produções originais: “iBoy” é mais um filme que desperdiça potencial ao enveredar por rumos que o tornam desnecessariamente fraco.

O centro da história é um crime de violência sexual, porém este é apenas um passo para viabilizarem um super-herói de bairro que adquire seus poderes de maneira estúpida e absurda.

Tom é um adolescente tímido e com desempenho escolhar medíocre que tem uma atração pela sua colega Lucy (Maisie Williams, a Arya Stark de Game of Thrones). Um dia ela finalmente o chama para sua casa. Ao chegar lá Tom descobre que ela acaba de ser estuprada, e acaba levando um tiro que faz com que componentes eletrônicos de seu telefone celular perfurem seu crânio, dando a ele poderes de interagir com dispositivos digitais.

A partir daí Tom vai se tornando um vigilante com poderes especiais, que dá um jeito de botar os agressores (quase) todos na cadeia, até chegar à cena final em que ele precisa enfrentar o vilão mais poderoso.

Ao que tudo indica, a intenção era mesmo fazer um filme voltado para um público mais jovem e mais apreciador de videogames, o que de maneira alguma justifica terem deixado de tratar o tema principal do filme (a violação sexual) para fazer mais um filme de vingança.

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Fotografia

Em se tratando de um filme de ficção científica, ou pelo menos que usa deste recurso para viabilizar a trama, eu esperava uma utilização mais inteligente dos efeitos especiais. Tem muita coisa piscando na tela, direcionando a atenção do espectador, o que é útil em se tratando de asininos que veem filmes, mas é irritante para quem procura pensar e raciocinar por si só.

Mais uma vez, deve ter sido uma escolha com vistas no público alvo do qual certamente não faço parte — só isso explica eu ter achado tão ruim. São muitas coisas pulando na tela, muita coisinha iluminada, muita informação inútil poluindo a cena.

Trilha Sonora

Se havia música no filme, não ficou nada marcada para mim.

O que ficou na memória mesmo foram os ruídos estridentes de campainhas de celular, chiados e muitas vozes sobrepostas. Muita informação inútil concorrendo pela atenção do espectador, o que acabou por empobrecer a produção.

Roteiro

O roteiro do filme é bastante linear, e focado quase exclusivamente em um único personagem. A vítima do principal evento da história, a jovem Lucy, praticamente só existe para viabilizar a existência de Tom, o que é um desperdício de talento da atriz, e do próprio potencial da personagem.

Tão absurdo quanto a maneira como o herói adquire seus poderes é o uso que deles faz, da maneira como usa. O roteiro até parece com um longo e distópico episódio de Chuck, que tinha em seu cérebro o software de um mega computador e que aprendia habilidades “magicamente” acessando a imensa base de dados do Intersect (assim chamava-se o computador). Só que Chuck era uma comédia, não um pretenso suspense!

Atuação

Felizmente, o elenco de “iBoy” não inclui nenhum canastrão. As atuações são convincentes (apesar dos pesares) — o que por si só já é uma coisa bem boa.

Por fim, apesar de não ter sido o pior filme da Netflix que eu tenha visto nos últimos dias, ainda considerei os 90min mais mal aproveitados de meu dia. E, sei lá, de repente tem quem goste. Mas pra mim, realmente, não foi dessa vez.

Administrador de sistemas, CEO da PortoFácil, humanista, progressista, apreciador de computadores e bugigangas eletrônicas, acredita que os blogs nunca morrerão, por mais que as redes sociais pareçam tão sedutoras para as grandes massas.

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