A Intuição sob uma Óptica Racional

Recentemente o Alex Castro, na edição natalina de sua newsletter, fez uma sugestão de leitura excelente: um livro de Gavin de Becker chamado “As Virtudes do Medo”.

O livro fala de violência, de medo, e da utilidade que este pode ter para garantir a integridade física da pessoa, especialmente das mulheres, que são vítimas mais constantes deste tipo de ameaça.

Na esfera a que se propões, o livro é ótimo (e pode ser lido de graça, em Inglês, por quem tem Kindle Unlimited).

Entretanto, não estou aqui para resenhar o livro, e sim para falar de uma abordagem que para mim foi muito nova sobre um assunto que sempre é envolto em muito misticismo: a intuição.

Gavin de Becker, autor de “As Virtudes do Medo”

Becker trata a intuição como a ferramenta mais importante e mais útil para que as pessoas se vejam livres de situações potenciais de perigo. A intuição (que leva a emoções como apreensão, estranheza, medo, etc) é tratada por todo o texto como a expressão da capacidade do cérebro de processar informações a espantosa velocidade, capaz de deixar a mente racional atônita e desconcertada.

Basicamente, o mecanismo da intuição consiste em:

  • levantar informações por meio da incessante varredura dos sentidos;
  • “calcular” se qualquer destas informações implica algum tipo de risco implícito;
  • caso haja risco, disparar uma emoção que faça com que a pessoa se sinta fisicamente mal, ou que o coração dispare, ou o que quer que seja.

Um dos exemplos de que mais gosto é o de uma mulher que estava sentada no banco do caroneiro do carro de um amigo, e de repente sentiu uma intuição “ruim”, e não teve tempo de livrar-se do sequestro de que foi vítima; porém, seguiu uma outra intuição que se seguiu, e conversou com o algoz o tempo inteiro como se fosse um velho amigo, pois intuía que ele não mataria uma pessoa que conhecesse — e isso lhe salvou a vida.

De fato, nada há de mágico nas intuições desta moça. O que há é uma leitura e interpretação dos sinais auditivos e visuais (mas não quer dizer que os outros sentidos estejam descartados): por uma fração de segundo ela viu pela visão periférica um pedacinho da calça jeans do agressor refletida no retrovisor do lado do motorista, o que a fez ter o primeiro acesso de apreensão; e durante o sequestro ela fez a leitura e a interpretação da linguagem corporal do seu captor, tendo tido tempo e elementos suficientes para concluir — acertadamente — qual atitude poderia salvar-lhe a vida.

Enfim, ainda não terminei de ler o livro, mas o farei em breve (a leitura é apaixonante, não consigo desgrudar). Espero ao final da leitura saber mesmo distinguir o que é medo útil do que é paranoia, e com certeza desde já vou passar a prestar mais atenção às intuições, uma vez que elas são sabedoria pura sem o crivo da mente (que por definição é doida e mentirosa).

Administrador de sistemas, CEO da PortoFácil, humanista, progressista, apreciador de computadores e bugigangas eletrônicas, acredita que os blogs nunca morrerão, por mais que as redes sociais pareçam tão sedutoras para as grandes massas.

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