Hanna: uma excelente releitura do filme de 2011

A série em exibição na Amazon Prime resgata a equilibrada mistura entre o drama juvenil de quem quer alçar seus próprios voos e o thriller do enredo de perseguição, assassinos de aluguel, mercenários e uma heroína pouco provável.

Como desde 2011 não revia o filme, fiquei um tanto assombrado de lembrar bem pouco da trama (que é boa, mas tem o tema recorrente da vingança, que é um porre). Ao contrário, as memórias que tenho são da fotografia fantástica, carregada não só de beleza como de simbolismo.

A fotografia da série é boa, como no geral toda a direção desta. Mas não posso deixar de comparar e ver que o filme foi bem mais ousado nesse aspecto. A trilha sonora é ótima, algo de que também não lembro do filme original.

A trama da série

A trama da série não tem nenhuma novidade se comparada ao filme original. Algumas muito pequenas mudanças aqui e ali, mas no geral é a mesma coisa: Hanna é uma pessoa especial porque foi objeto de pesquisas de manipulação genética que fazem dela uma “arma” ou uma máquina de matar muito eficiente.

Quando criança ela foi retirada de um laboratório que fazia crueldades com as pessoas para fazer as pesquisas genéricas, coisa e tal, e passou 15 anos vivendo isolada de tudo, tendo contato apenas com o pai, vivendo numa floresta gelada no interior da Romênia.

Nesse tempo todo a menina passou por um treinamento ao estilo militar, o que lhe confere habilidades como orientar-se pelas estrelas, ter uma pontaria absurdamente precisa, saber lutar Jiu-Jitsu e ser capaz de derrubar homens com 4 vezes o seu tamanho usando apenas os punhos.

O drama juvenil

Para além do thriller e das perseguições, “Hanna” pode ser visto como uma metáfora para a vida de muitas meninas que se tornam mulheres ao custo da perda de suas infâncias.

Se na série a menina precisou aprender a lutar para combater um inimigo invisível, que só mostrou a cara quando ela passou a almejar uma vida diversa, quando começou a querer tornar-se independente, quando o relacionamento com a família tornou-se pouco — certamente isso não é uma coincidência.

Outras considerações

“Hanna” é criação, tanto no cinema quanto na Amazon Prime, do roteirista David Farr. Isso implica uma história melhor desenvolvida, com personagens mais carismáticos, com quem o espectador empatiza mais.

E o desenvolvimento mais pronunciado desses personagens implica uma história mais sombria, mais densa, o que certamente é uma coisa boa.

Administrador de sistemas, CEO da PortoFácil, humanista, progressista, apreciador de computadores e bugigangas eletrônicas, acredita que os blogs nunca morrerão, por mais que as redes sociais pareçam tão sedutoras para as grandes massas.

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