American Gods: deslumbrante

Adaptação da obra de Neil Gaiman para a tevê é um deslumbre artístico, visual e narrativo. É ao mesmo tempo uma gigante obra de ficção e um verdadeiro tratado sobre as crenças dos povo estadunidense — e americano em geral, para quem estiver disposto a fazer as devidas extrapolações.

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Histórias fantásticas na tevê e no cinema não são nenhuma novidade. Criaturas místicas, seres angelicais ou infernais, mutantes, zumbis, vampiros, assombrações em geral — tudo isso já foi e continuará sendo coberto pela mídia audiovisual com maestria. Contudo, é difícil de imaginar uma outra obra com resultados mais impactantes do que American Gods, adaptação do livro de mesmo título de Neil Gaiman.

American Gods é um romance lançado em 2001, que mistura fantasia com várias vertentes da mitologia antiga e moderna. A espinha dorsal da narrativa é a premissa de que deuses (e outras criaturas mitológicas) existem porque as pessoas acreditam nelas. 

O principal personagem de American Gods é Shadow Moon, um ex-condenado que deixa a prisão mais cedo porque sua esposa e seu melhor amigo morrem em um acidente de carro, deixando-o completamente só e falido. Para piorar, Moon descobre que a mulher morreu com o pau do melhor amigo na boca, o que é particularmente sádico porque horas antes ele estava prestes a voltar para casa para viver um comercial de margarina.

Enquanto tenta ir para o funeral dos entes queridos Moon encontra o misterioso Sr. Wednesday que acaba por contratá-lo como guarda costas numa viagem cheia de visitas a amigos estranhos do ancião. Logo nas primeiras cenas Wednesday se apresenta como Odin (“hoje é quarta-feira, é o meu dia”), mas o espectador da série dificilmente vai prestar atenção a este detalhe já da primeira vez que ouvir este argumento.

Ian McShane no papel de Mr. Wednesday

Odin, ciente de que os velhos estão morrendo porque novos deuses (como a Mídia, a Televisão) estão ganhando a adoração que antes era deles, resolve então juntar a velha guarda para lutar contra as novidades, e a trajetória de Moon, como motorista e guarda-costas é a narrativa principal da trama, com direito inclusive a visitas em outros planos da existência do ex-presidiário.

American Gods é também um retrato da cultura americana (no sentido de estadunidense) porque traz ao espectador (ou leitor) dezenas de referências a todo tipo de divindade ou criatura mística, desde as primeiras navegações da Europa para o Novo Mundo.

Se tem algo em que American Gods — a série — não economiza é em beleza e riqueza visual. A fotografia é extremamente bonita e bem cuidada, até mesmo nos cenários “feios”. Tudo é calculado e executado de forma a provocar no espectador emoções e sensações que certamente passam pelo deslumbramento.

É uma obra para assistir uma vez maratonando e outra saboreando cada episódio, captando detalhes e referências que antes tenham passado despercebidos.

Se você estiver aproveitando os 7 dias grátis da assinatura do Amazon Prime e tiver que escolher somente uma coisa para ver, aceite a minha sugestão e veja American Gods. Você não vai se arrepender.

Administrador de sistemas, CEO da PortoFácil, humanista, progressista, apreciador de computadores e bugigangas eletrônicas, acredita que os blogs nunca morrerão, por mais que as redes sociais pareçam tão sedutoras para as grandes massas.

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