“The Sinner”

“The Sinner” (“A Pecadora”) é uma série da Netflix estrelada por Jessica Biel e Bill Pullman sobre os efeitos devastadores da culpa.

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Quando meu amigo disse “pode ver que é boa” não imaginava que “The Sinner” fosse ser tão do meu agrado como foi.

Não só porque é estrelado pela Jessica Biel (se você não entende a magia desse nome não se preocupe, você só não foi um homem jovem na mesma época que eu) e por um de meus canastrões favoritos, Bill Pullman (o Presidente dos Estados Unidos em Independence Day), mas principalmente porque diferente da maioria das produções ela não segue o clichê da vingança pela vingança (nem necessariamente tem vingança em The Sinner) e sim explora a psicologia dos seus personagens, o que faz desta uma série sobre uma das mais poderosas emoções humanas: a culpa.

A série começa mostrando uma mulher comum exausta da vida: seus sogros superprotetores do marido, a interferência da sogra na educação do neto, sua rotina esmagadora. Num final de semana eles vão passar um dia na praia, e uma sequência de eventos faz com que a jovem mãe golpeie com um canivete de descascar pera um playboy que estava tendo um momento mais acalorado com a namoradinha. A partir daí o drama vai aprofundando a intensidade, à medida que o passado esquecido da jovem é a única chance de livrá-la de uma pena de décadas aprisionada.

Particularmente não gosto de histórias que são muito permeadas de flashbacks mas algumas simplesmente não podem ser contadas sem o uso deste artifício. The Sinner é uma destas. Porém não é aquele horror de flashbacks como acontece em Quantico, por exemplo; todos os fragmentos de linhas do tempo são intercalados de maneira inteligente e coerente com o que está sendo contado, sem deixar o espectador perdido ou indignado com as “interrupções”.

É claro que a personagem de Jessica Biel (Cora) é a principal, e é nela que a narrativa fica concentrada. Mas o Detetive Ambrose também tem uma grande importância, e embora sua história pessoal não seja devassada ele consegue atrair atenção para si, e deixar o espectador com muitas indagações acerca do seu comportamento.

The Sinner foi uma grata surpresa, e eu espero que mais gente aprecie esta série tanto quanto eu. Apesar de ser um tema indigesto, a culpa merece ser melhor e mais retratada nas artes para que as pessoas tenham um espelho mais fácil para reconhecer onde estão presas em suas próprias culpas, pois só a consciência plena desta emoção tão nociva é capaz de desfazer o seu nefasto poder.

Administrador de sistemas, CEO da PortoFácil, humanista, progressista, apreciador de computadores e bugigangas eletrônicas, acredita que os blogs nunca morrerão, por mais que as redes sociais pareçam tão sedutoras para as grandes massas.

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