Resenha de série: “Travelers”

“Travelers” é uma série de televisãoda Netflix. Conta a história de pessoas que voltam centenas de anos no tempo para salvar a Terra e a humanidade da destruição.

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Filmes e séries sobre viagem no tempo são bastante abundantes em todas as mídias, e eu particularmente gosto bastante da temática. “Travelers” é uma destas, e também das que mais me agradaram recentemente.

A fórmula do sucesso é simples: história interessante e original, boas atuações, personagens carismáticos, drama e suspense bem dosados, fotografia bacana e poucas pontas soltas.

Desnecessário repetir, mas continue a leitura a partir desse ponto por sua conta e risco, pois há revelações do enredo — ou spoilers — a partir daqui.

Os “viajantes” a que se refere a série são pessoas de centenas de anos no futuro que encontram um meio engenhoso de voltar para o Século XXI: uma vez que têm registros históricos precisos (mais ou menos) da morte de um monte de gente eles usam um sistema que transfere a consciência de uma pessoa no futuro para o corpo de uma outra no passado instantes antes da morte desta; assim aproveitam um corpo que ia morrer mesmo para servir de veículo para a consciência que vem para o nosso tempo para cumprir missões cujo objetivo é evitar que a humanidade se destrua.

Como praticamente todas as séries o primeiro episódio é meio estranho: o espectador ainda não está habituado à dinâmica da trama, não conhece os personagens, e em se tratando de Travelers algumas situações são tão inesperadas que geram muitas reações do tipo “que diabo é isso”.

Diferente de Dr. Who ou Lendas do Amanhã, que só viajam no tempo para consertar anomalias, e que têm a liberdade de avançar ou recuar como bem entendem, em Travelers as pessoas do futuro só podem vir para o mesmo instante ou depois do ponto em que o mais recente viajante chegou ao passado. Da mesma forma, eles não estão no Século XXI para consertar anomalias temporais, e sim para mudar totalmente o rumo da história, de forma a modificar o futuro por completo.

Devido à maneira como os viajantes se instalam aqui ocorrem situações que prendem a atenção do espectador: como a pessoa iria morrer, e no último instante sua consciência é suplantada pela do viajante que está chegando, ocorre que só o corpo continua sendo o mesmo, mas a pessoa em si fica totalmente transformada.

Aí imagine o investigador do FBI, com o casamento em crise, que de repente é substituído pelo líder da equipe dos viajantes — cada equipe conta com um médico e mais quatro especialistas. O cara só sabe da vida do seu hospedeiro o que leu nas redes sociais e arquivos digitais oficiais. De uma hora para outra ele tem que manter um casamento de 14 anos, sendo que é apaixonado por outra mulher.

Embora os viajantes sejam os personagens principais, há alguns sidekicks muito ricos, como o jovem David Maller. O personagem é tão carismático que cada aparição dele implica uma mescla de emoções que vão da consternação à raiva. O bordão dele deveria ser o mesmo do Conrado Caqui do desenho do Fudêncio.

Enfim, Travelers é uma série muito boa, e eu sugiro fortemente que você veja. Tem a primeira temporada inteira no Netflix, e a segunda já está confirmada, então não precisa se preocupar com a continuidade de trama — ao menos por enquanto.

Administrador de sistemas, CEO da PortoFácil, humanista, progressista, apreciador de computadores e bugigangas eletrônicas, acredita que os blogs nunca morrerão, por mais que as redes sociais pareçam tão sedutoras para as grandes massas.

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