Os Contos do Loop — Primeira Temporada

É impossível não comparar Os Contos do Loop ("Tales from the Loop", Amazon, 2020) com as já clássicas Black Mirror e Stranger Things. Entretanto, as semelhanças são relativamente escassas.

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Os Contos do Loop lembram um pouco Black Mirror porque se não fosse pela tecnologia, pelos aparelhos e próteses robóticos, a série poderia existir; já a série da Netflix é totalmente baseada no uso que as pessoas fazem da Internet, das redes sociais, da tecnologia de maneira geral, embora seja uma série sobre pessoas. Outra diferença é que Black Mirror é sombria, trata de um futuro distópico tenebroso, enquanto que os Contos do Loop se passam em 1982, num universo alternativo que inclui televisores preto e branco de tubo e robôs sencientes indistinguíveis de seres humanos, mas também sem a dureza e a violência características de Westworld, por exemplo.

Aliás, é justamente a ambientação nos Anos 1980 que faz o link entre Os Contos do Loop e Stranger Things. Mas as diferenças param por aí, já que não há Demogorgons empanturrando-se de pessoas, e o que seria equivalente ao Mundo Invertido é bem mais, digamos, agradável.

Os Contos do Loop têm um elenco incrível, com atores consagrados e revelações surpreendentes. A fotografia é belíssima, e a narrativa mistura aspectos psicológicos com os quais é muito provável que as pessoas se identifiquem, mesmo aquelas que não viveram os Anos 1980.

Os assuntos abordados incluem, por exemplo:

  • Viagem no tempo;
  • universos paralelos;
  • luto;
  • medo;
  • paixão;
  • paradoxos.

A ideia para a série

“Tales from the Loop” tiveram sua origem em uma série de pinturas do artista sueco Simon Stålenhag, que retrata paisagens invernais com elementos humanos e objetos misteriosos, como robôs, tratores flutuantes e prédios peculiares.

O próprio Stålenhag ajudou nos detalhes, de maneira a fazer com que cada episódio — cada um inspirado em uma diferente pintura — fosse o mais fiel possível à ideia original.

Vale fazer um elogio extra à equipe de efeitos especiais: eles foram tão competentes que o espectador apenas aceita o que está vendo, que de tão verossímil faz com que ele suspenda qualquer julgamento.

Histórias independentes, mas não muito

Cada episódio conta uma história independente, completa em si mesma. Não tem a mesma pegada “novelinha” de Stranger Things, por exemplo. Porém, os personagens são recorrentes, bem como as conexões entre eles e os acontecimentos são mais óbvias do que em Black Mirror (que, dizem, acontece totalmente em um universo fechado).

Alguns episódios podem ser vistos fora da sequência sem prejuízo à absorção da série, mas a sugestão que fazemos é de que o espectador se atenha à ordem planejada pelo diretor (Nathaniel Halpern — “Legion”, “The Killing”).

O “Loop” e seus mistérios

Uma coisa que pode decepcionar um pouquinho é que o Loop, um laboratório misterioso em que tecnologias de origem desconhecidas são desenvolvidas, é muito pouco explorado. Não há resolução para muitos mistérios e perguntas, até porque o objetivo do Loop e das coisas fantásticas que ocorrem por causa dele são apenas o fio que tece as histórias sobre pessoas e suas complexidades.

Nas palavras do próprio diretor: “a ficção científica está aqui para amplificar as emoções e não o contrário”.

Administrador de sistemas, CEO da PortoFácil, humanista, progressista, apreciador de computadores e bugigangas eletrônicas, acredita que os blogs nunca morrerão, por mais que as redes sociais pareçam tão sedutoras para as grandes massas.

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