O Regresso

“O Regresso” é o filme que rendeu, finalmente, o Oscar de melhor ator a Leonardo DiCaprio. É uma super produção, e em função da excelente atuação de DiCaprio ganhou um bocado de atenção nos meses que se seguiram ao seu lançamento.

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Acontece que eu só pude vir a assistir ao filme ontem. Levei uma rasteira das minhas expectativas.

O Regresso – Sinopse

A história do filme é a de um americano de olhos claros que é especialista em sobrevivência na selva. Ele tem um filho mestiço, e os dois são os únicos sobreviventes de um massacre do exército americano que ocorreu à aldeia em que moravam com a mãe do menino, lá pelos idos de muito tempo atrás. Enquanto fugiam de uma tribo indígena com sede de sangue o personagem de DiCaprio, que era prestador de serviço para mercadores de peles, sofre o ataque de uma ursa parda gigante que o deixa quase morto. Haja vista sua importância para a expedição o capitão ordena que três homens o acompanhem até a morte. Os três que ficam são o mais jovem homem do grupo, o filho mestiço de Hugh Glass (esse é o nome do personagem de DiCaprio) e um sujeito preconceituoso e egoísta que odeia índios, e por extensão Glass e seu filho.

Embora as ordens dos três homens sejam de acompanhar Glass até o último suspiro, dar a ele um enterro decente, e só então seguirem viagem, Fitzgerald impacienta-se e assassina o jovem mestiço na frente do seu pai moribundo. Depois disso ele joga Glass numa cova, joga um pouco de terra sobre ele e o deixa para morrer sozinho, forçando o jovem colega a trair seus princípios em nome da sobrevivência.

Então, milagrosamente, Glass começa a recuperar-se, supera seu momento Joseph Climber e sai à caça do assassino de seu filho, em busca de vingança.

Não que o filme seja ruim…

O fato é que O Regresso tem duas horas e meia de duração, mas assim que o infeliz mata o filho do DiCaprio o filme já perde toda a razão de ser. O que deveria ser, de acordo com a minha expectativa, um filme sobre um pai enfrentando macareus para reunir-se com o filho discriminado por ser diferente, parte de uma minoria, acaba caindo na vala comum dos filmes e narrativas que têm na vingança seu ponto focal.

Além disso, não dá para esquecer que a verossimilhança é um dos fatores mais importantes para que uma narrativa ficcional seja percebida como boa, e O Regresso peca tristemente neste aspecto. Exemplo: Glass não sobreviveria sequer ao impacto de uma ursa de uns 500kg caindo morta em cima dele, para não falar que os ferimentos que o animal infligiu ao heroi levariam uns dois anos para amenizar caso o cara estivesse sendo tratado em um hospital bem aparelhado, sendo medicado e tratado; mas ainda assim em poucas semanas ele sai de moribundo a assassino, sobrevivendo sem água nem comida e curando fraturas como quem deixa crescer o cabelo.

Pelo menos a fotografia é muito boa, algumas paisagens são estonteantes, e apesar de lindas transmitem a sensação de desolação e de isolamento do personagem.

De qualquer forma, no fim das contas, agradeci a todas as proteções sobrenaturais que me afastaram da possibilidade de pagar (caro) para ver este filme no cinema. De graça, em casa, sem gente falando durante o filme ou empesteando o ar com pipoca fedida de manteiga artificial, já achei caro gastar duas horas e meia de vida, imagina se tivesse sido numa situação menos favorável e mais onerosa!

Administrador de sistemas, CEO da PortoFácil, humanista, progressista, apreciador de computadores e bugigangas eletrônicas, acredita que os blogs nunca morrerão, por mais que as redes sociais pareçam tão sedutoras para as grandes massas.

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