Coraline, de Neil Gaiman

O conto infantil do Gaiman, um dos meus autores preferidos de todos os tempos, é a coisa mais legal que se pode ter de uma história com gente entrando por portas mágicas para viver altas confusões sozinhos ou com uma turminha do barulho desde que a pequena Lucy viu um poste em Nárnia.

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Coraline é uma jovem esperta que tem pais que nunca têm tempo para ela, não importa o quanto ela peça. A família acabou de mudar-se para uma casa nova com vizinhos peculiares. As duas irmãs, que são artistas aposentadas, e um senhor russo que tem um circo de ratos, embora ainda não tenha havido nenhuma performance, já que os ratos não estão colaborando.

Para livrar-se da filha e conseguir finalmente trabalhar, o pai de Coraline pede que ela faça um inventário da casa e conte quantas coisas azuis existem, bem como as portas e janelas. Assim, a menina encontra uma porta que não abre e não sossega até conseguir, mas se frustra quando percebe que dá para uma parede de tijolos.

Porém, a porta acaba se abrindo novamente e dando para um longo túnel escuro que termina em uma casa exatamente igual a dela, mas melhor. A casa do túnel escuro tem inclusive um Outra Família para Coraline, que cozinha bem, compra-lhe todos os mimos que deseja e têm tempo para ela, mas com botões no lugar dos olhos.

Com o tempo, Coraline descobre que a sua Outra Família não é formada por bem o tipo de pessoa que você quer como parente, e precisa se livrar da enrascada em que se meteu com a ajuda de uma pedra com um furo no meio e um gato falante.

O livrinho é curto, são só 160 páginas e tem uma edição bem fofa e sombria — eu sei que é estranho, mas é isso mesmo — e tem uma adaptação em stop-motion absolutamente maravilhosa.

Em alguns aspectos, o filme é melhor que o livro. Na animação, existe um personagem que não está no livro, mas é tão adorável e cativante que vale assistir, o Wilbur, um menino esquisito que ajuda Coraline.

É um dos meus Gaimans preferidos, e existe uma coisa sombria que me faz achar que é o melhor filme/livro para dar para o seu filhinho rebelde ver/ler, principalmente se ele estiver na fase de querer fugir de casa. Ensinará boas lições.

A edição é toda ilustrada pelo Dave McKean, que é parceiro frequente do Gaiman, e a gente adora a dobradinha; ele fez também Sandman e Orquídea Negra.

As ilustrações são meio… sombrias:

Como é um livro de Neil Gaiman, podemos esperar que as coisas não sejam sempre o que aparentam e que tenha alguma simbologia envolvida. Isso se você for velho o suficiente para ver a simbologia e entender. Se não for esse o caso, a leitura ainda é ótima porque a história é muito bem construída.

No geral, é um livro ótimo e é uma excelente aventura. Os personagens são cativantes e a história é muito bem amarrada. Gaiman consegue ser sombrio (daquele jeito que a gente adora desde Sandman) de um jeito muito inteligente e o livro vai muito além da baboseira mamão com açúcar que normalmente se vê em livros do gênero.

Administrador de sistemas, CEO da PortoFácil, humanista, progressista, apreciador de computadores e bugigangas eletrônicas, acredita que os blogs nunca morrerão, por mais que as redes sociais pareçam tão sedutoras para as grandes massas.

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