As Melhores Músicas de Final de Namoro

Pra você, que depois que ela foi embora nunca mais penteou o cabelo, lavou roupa, fez a barba ou trocou de cueca, preparamos uma lista de músicas pra você saber que outras pessoas sentiram isso e sobreviveram.

Final de ano é aquela época clássica onde alguns namoros acabam porque no réveillon tem mulher muito mais gostosa que a tua, sozinha e carente, e é uma chance que só se repete em algumas baladas universitárias em que mulher não paga e tem bebida de graça até a meia noite, ou micaretas. Não da para perder.

E para você, que sofre sentindo falta, que lamenta até não se sentar mais nos pingos de xixi dele no vaso de madrugada porque ele nunca abaixava a tampa, e sabe que antes mal acompanhada do que só.

E para você, que depois que ela foi embora nunca mais penteou o cabelo, lavou roupa, fez a barba ou trocou de cueca, preparamos uma lista de músicas para você saber que outras pessoas sentiram isso e sobreviveram.

Você vai conseguir também mas, por favor, tome banho.

Paulo Diniz — Pingos de Amor

É, não adianta mais ligar. Não adianta sair de casa e ver os namorados na rua.

Respirar dói e você não sabe bem a razão do teu corpo insistir nessa besteira, quando não há motivos e o teu quarto tá fedendo tanto que até os ratos já torcem para você limpar.

Não adianta ligar para ela, amigo. Você deixou a namorada para ficar com a priminha do interior que veio de férias e já voltou.

“Pingos de amor é a puta que pariu”, diz a mensagem dela no teu voicemail, que você fica ouvindo de novo quando sente falta da voz dela.

Essa é para todo mundo que já trocou o certo pelo duvidoso e se arrependeu.

Elis Regina e Chico Buarque — Pois É

Quando o cara diz “a gente terminou, mas vamos ser amigos” ele ainda quer te comer, porém, sem aguentar sua tia gorda com blusa de viscose sem manga passando a mão na bunda dele e dando selinho prafrentex no almoço na casa da sua vó.

Tendo ele a noção de que ainda te comerá num futuro próximo (porque vamos cortar o papo furado, que até quem te vê na fila do pão sabe que você vai dar para ele na primeira vaquejada que encontrar com ele “acidentalmente”, e que você foi só porque penhorou o colarzinho de ouro que a tua tia deixou para você para poder pagar o ingresso e comprar um bundex para ele te achar gostosa), ele não precisa sofrer muito e tá aí na atividade desfilando com as biscates avulsas de sneakers de salto na sua frente.

Sim, ele sabe que você sofre, ele só não se importa o suficiente porque, afinal, se você sofre, ainda chora, e quem chora ainda lembra, quando se esquece, rasga, não se rabisca a agenda.

E não, você não sabe porque ele terminou né? Tanta cueca dele que você lavou, tanto dinheiro emprestado, comprou até flor para o aniversário da Soninha do escritório. Aquele ingrato…

The Killers — Here With Me

Quando a sua família esconde os seusCDs piratas de Roberto Carlos porque não aguenta mais você ser o cara (e ninguém acredita mesmo que você seja), você sai e compra um monte de CD de banda em inglês da moda.

E, depois que a vigilância sanitária incinerou o seu pijama com medo de uma ameaça biológica na comunidade, você compra uma calça justa e uma camisa xadrez e descobre que o visual sujo que você adotou depois do fora é o mesmo do Brandon Flores.

E, antes de achar que tá na moda, percebe que os indies também levam toco e são bregas, aquilo tudo é só para a mãe não saber que eles não estão cantando sobre nada que o Fagner não tenha falado antes.

Alanis Morissette — You Oughta Know

Quando eu falei desse post com um amigo, ele me perguntou que tipo de pessoa escuta Alanis. Eu não soube responder na hora mas agora eu sei.

Escuta Alanis quem não tá pronto para Roberto Carlos, para Belchior, para Elis Regina cantando Chico; escuta Alanis quem não aguenta que a pancada do desespero só tem reconhecimento na língua mãe (vai dizer que não? Quando você bate o mindinho no pé da mesinha, você grita “buceta” ou “pussy”?).

Escuta Alanis quem não tá pronto para Zezé di Camargo e Chitãozinho e Xororó; escuta Alanis quem prefere a ilusão de não entender porra nenhuma do que ela tá dizendo e fantasiar com ursos vesgos para não pensar que aquele fio de cabelo comprido já esteve grudado no suor.

Roberto Carlos — As Canções que Você Fez para Mim

Eu podia colocar qualquer música mais moderninha. Muita gente me mandou colocar Adele, mas Adele é para quem quer sofrer fazendo tipo, fazendo a cult superada (não consigo entender como relacionar superação com Adele, mas vi muito isso na minha timeline e eu não explico os fatos, eu só lido com eles).

Roberto Carlos é para aquele choro sem escândalo. Aquele honesto, de quem ainda não entendeu o baque do chute, tá se esforçando para isso, mas não chegou lá.

Porque um pé na bunda é assim mesmo. E nesse mundo em que a gente sempre entende que o que a pessoa diz/promete/escreve é verdade e tem valor, quando acontece de uma situação mudar no que parecia tão eterno, tão seguro, é de tirar o chão.

E ficam as canções que um fez pro outro, as lembranças de uma vida que parece tão distante, que parece de mentira.

Um chifre faz isso mesmo com as pessoas.

Se preocupa não amigo, puxa a cadeira, pede um trago, todo mundo aqui é amigo. É, era uma cachorra mesmo.

Sim, amiga, era tudo mentira, capaz dessa música nem ser dele. Deve ser uma musica da Celine Dion traduzida para ser brega assim e aquele Pedro, o Escamoso, que você pegava não era assim muito esperto.

Roberto Carlos vem com um tapinha nas costas e uma lapada de cachaça, para distrair.

Administrador de sistemas, CEO da PortoFácil, humanista, progressista, apreciador de computadores e bugigangas eletrônicas, acredita que os blogs nunca morrerão, por mais que as redes sociais pareçam tão sedutoras para as grandes massas.

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