“A Gente Se Vê Ontem” — Resenha

“A Gente Se Vê Ontem” é um filme de Spike Lee para o Netflix que conta a história de Claudette e seu melhor amigo Sebastian. Ambos são gênios adolescentes que conseguem descobrir a fórmula da viagem no tempo.

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A história geral do filme é relativamente simples, e não tem tanta novidade assim com relação ao que já estamos acostumados a ver: cientistas (no caso de Claudette e Sebastian: cientistas adolescentes) descobrem como viajar no tempo, e precisam lidar com a tentação de aplicar o conhecimento na prática e as implicações que voltar no tempo traria.

Claudette (CJ) e Sebastian são alunos de um professor interpretado por ninguém mais ninguém menos que o próprio Michael J. Fox, de De Volta para o Futuro. Assim como todos os personagens principais da trama, os dois são negros e adolescentes, e precisam conviver com os problemas característicos da idade (bullying, fofocas) e com a realidade atroz que o racismo provoca no mundo inteiro.

O filme começa com jeitão de comédia adolescente, mas logo tende para o drama, quando o irmão mais velho de CJ é confundido com um assaltante e é morto em uma violenta e preconceituosa abordagem policial.

A partir daí fica claro que as viagens no tempo são uma metáfora para a não aceitação do cotidiano terrível a que os jovens são submetidos, como se suas vidas não tivessem valor.

Naturalmente, estamos falando de um filme de Spike Lee. Embora a abordagem possa não ser do agrado de todo mundo (adolescentes que inventam uma máquina do tempo), o tema central do filme é importante e toda visibilidade que o problema ganhar é importante.

A trilha sonora “casa” bem com o filme, de maneira geral, e a fotografia é muito boa, retratando uma Nova Iorque um tanto diferente das paisagens suburbanas de gente rica que as produções para tevê costumam mostrar.

De maneira geral: um bom filme, embora algumas pessoas possam não gostar tanto assim.


Índice de tópicos

Fotografia

Em “A Gente Se Vê Ontem” é possível ver uma Nova York diferente dos clichês comuns em filmes ambientados na possivelmente mais plural cidade do planeta.

A direção de fotografia consegue extrair beleza até mesmo de onde ela não parece existir.

Além disso, a utilização de recursos visuais simples — como um disco de vinil tocando sem mover-se na tela, enquanto o seu entorno gira suavemente — contribui para a poesia das cenas.

Trilha Sonora

A trilha sonora faz sentido, mas não é exatamente do meu agrado.

É claro que não é um critério técnico, mas esta resenha é totalmente baseada em opinião!

Roteiro

Histórias de viagem no tempo nem sempre conseguem acertar as pontas soltas e responder às perguntas dos espectadores de maneira satisfatória. “A Gente Se Vê Ontem” também deixa algumas perguntas sem resposta, e o final do filme não dá a entender que CJ possa ficar um dia satisfeita com os resultados de suas intervenções no passado.

Apesar disso, o roteiro tem uma outra função, que é a de alertar para um problema social gravíssimo que acontece em toda parte, não só no Bronx.

Atuação

Ultimamente a Netflix tem entregue aos assinantes muita atuação sem graça, incapaz de convencer. O que, felizmente, não é o caso de “A Gente Se Vê Ontem” — em que podemos ver atuações convincentes de todo o elenco.

Administrador de sistemas, CEO da PortoFácil, humanista, progressista, apreciador de computadores e bugigangas eletrônicas, acredita que os blogs nunca morrerão, por mais que as redes sociais pareçam tão sedutoras para as grandes massas.

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